Em fevereiro, prometi voltar a escrever no blog, mas acabei falhando novamente. Nos últimos meses, me dediquei tanto às horas extras no trabalho que comecei a me sentir esgotado mentalmente. Não que o trabalho no mercadinho seja cansativo, na verdade é até tranquilo demais!
O difícil é lidar com gente todos os dias. Às vezes atendo pessoas tão legais e educadas que dá vontade de ficar conversando por horas, mas em compensação, tem sempre uns que parecem sair de casa só para perturbar.
Essa semana, quando fui acessar a plataforma da faculdade, percebi que estou quase reprovando em várias matérias. Fiquei tão focado no trabalho que acabei deixando de estudar, e agora algumas atividades valendo nota já não podem mais ser feitas…
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Mas agora vamos falar de algo sério: feridas emocionais. Nunca fui muito popular. Por muitos anos, fui uma pessoa solitária, sem muitos amigos. Sempre que me sentia triste ou estressado, descontava na comida. Isso me levou à obesidade na infância, o que foi bem complicado.
No ensino fundamental, sofri bastante bullying. Chamavam-me de gordo, Sr. barriga, baleia assassina, entre outras coisas. No ensino superior foi mais tranquilo, as pessoas eram mais maduras e não ofendiam à toa. Naquela época, poucas pessoas conversavam comigo. Tinha a Noemi, uma garota da igreja super gentil; a Geovana, que tinha combinado de morar em Bruxelas comigo depois do colégio (o que não rolou haha); o Matheus; o Pedrinho, que era mais gordinho que eu e agora está super maromba; e a Larissa, minha web amiga até hoje.
Fora essas pessoas, ninguém conversava comigo e eu fazia de tudo para ser aceito pelos populares. Muitas vezes, emprestava meu caderno para cola ou colocava o nome deles nos meus trabalhos. A verdade é que me humilhei por migalhas de atenção.
Até minha época no telemarketing, meu antigo trabalho, eu tentava agradar a todos. Às vezes, alguém gostava de algo meu e eu logo presenteava essa pessoa, ficando sem o objeto para agradá-la.
Ao longo dos anos, várias pessoas me decepcionaram. Conheci muita gente que dizia ser amigo(a), mas no momento em que eu dizia não, elas deixavam de falar comigo. Mesmo assim, eu ainda dava uma chance, continuava acreditando e confiando nas pessoas. Mas parei com isso depois que uma antiga colega de quarto, em quem eu confiava bastante e que dizia ser minha amiga, foi embora da minha casa enquanto eu trabalhava, levando consigo meu forno e micro-ondas que eu tinha pagado sozinho.
Hoje, tenho dificuldade em fazer amigos, pois perdi a confiança nas pessoas. Algumas pessoas do trabalho dizem que às vezes pareço distante e de cara fechada, mas é só meu "mecanismo de defesa". Já me decepcionei tanto que às vezes prefiro nem tentar socializar.
No trabalho, havia uma garota cuja companhia eu apreciava muito. Saíamos juntos para comer pizza, ela ia à minha casa, íamos ao parque juntos, mas havia um problema: ela escondia nossa amizade do namorado. Ele é tão ciumento que não permite que ela tenha amizades com outros homens. Recentemente, ele começou a buscá-la na porta do mercado, e toda vez que ele aparece, ela simplesmente para de falar comigo e finge que não me conhece. Foi o suficiente para que nossa "amizade" acabasse.
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Outro dia, me olhei no espelho da academia e confesso que por um momento não me reconheci. Desde que me tornei adulto, cresci bastante e perdi muito peso, mas não parou por aí. No último ano, cobri meu braço com tatuagens e percebi que estou ganhando músculos e perdendo medidas. Ao me olhar no espelho, não posso negar: gostei do que vi. Pela primeira vez na vida, me senti bonito, completamente diferente do adolescente que fui.
Às vezes, questiono se não estou criando um personagem para demonstrar ser alguém que não sou. Estou tentando me encaixar em um "padrão" que a sociedade impõe e para quê? No que isso irá me beneficiar?
No trabalho, às vezes sou brincalhão para não ficar o tempo todo com a cara fechada (alguns já pensam que sou bipolar haha), mas quando sorrio, muitas vezes é apenas uma forma de esconder minha tristeza.
Sim, eu sou uma pessoa triste.
Victor Cruvinel.